Sunday, March 23, 2008

QUEREIS VÓS TAMBÉM RETIRAR-VOS?

No Evangelho segundo João conta que após Jesus Cristo ter alimentado os cinco mil, o povo quis, por força fazê-lo rei, mas quando Jesus respondeu-lhes:

Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes.

Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo. (Jo. 6:26-27)


E ensinou a verdade incômoda e “por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?”(vv. 66-67)

A atualidade da pergunta do Senhor continua ainda em valia para aqueles que se dizem discípulos. É certo buscar a Deus pelo pão que sacia? Dizendo discípulos, vivem em busca de tesouros que a traça corroi, demandam de Deus que provenha suas necessidades materiais.

Muitos na ingenuidade, se é possível chamar isso ingenuidade, covenientemente ignoraram que já no Concerto da Criação Deus deu toda a Terra para a humanidade.
“Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos,
e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra.
Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou.” (Gen 1:26-27).

A todos liberalmente dá chances, embora com proporções diferentes, como na parábola dos talentos, mas chance todos recebem. Já é confirmado e abençoado por Deus qualquer negócio terreno, vai e labuta, com os recursos que Deus dá, use e aproveite de todas as faculdades e oportunidades. Ame com todo coração, tome sábias decisões com razão e ponderância, faça o bem. Essa é a missão de todo o humano. Não importa se alcance os objetivos que você planeja, mas lute, persista e conquiste.

Por qual obrigação teria Deus de beneficiar um filho em detrimento de outro?
Se “ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.” (Mateus 5:45).

Agora, tendo esses fatos em mente, não é ridículo orar exigindo de Deus, agir levando em conta somente benefícios e punição, fazer sacrifícios vãos na esperança de subornar Aquele que tudo tem?

Orar é, antes depositar fé e esperança Naquele que é Sabio o suficiente para te guiar pelo melhor caminho. Ore sem cessar e se viver pela fé não é necessário exigir do Senhor sinais (Mateus 12:3), nem demandar a hora e dia da manifestação divina (Mateus 24:34).

Toda nossas ações devem ser realizadas como iniciativa, na condições delas serem justas, não por que estão listadas em alguma lista de obrigações. É isso que Eliú chama atenção no livro de Jó:
“Atenta para os céus, e vê; e contempla o firmamento que é mais alto do que tu.
Se pecares, que efetuarás contra ele?

Se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás com isso?
Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá ele da tua mão?
A tua impiedade poderia fazer mal a outro tal como tu;

e a tua justiça poderia aproveitar a um filho do homem.
Por causa da multidão das opressões os homens clamam;

clamam por socorro por causa do braço dos poderosos.
Mas ninguém diz: Onde está Deus meu Criador, que inspira canções durante a noite;

que nos ensina mais do que aos animais da terra,

e nos faz mais sábios do que as aves do céu?
Ali clamam, porém ele não responde, por causa da arrogância os maus.
Certo é que Deus não ouve o grito da vaidade, nem para ela atentará o Todo-Poderoso.
Quanto menos quando tu dizes que não o vês. A causa está perante ele; por isso espera nele.”
(Jó 35:5-14)

Uns tentam subornar Deus com sacrifícios, mortificações da carne, até mesmo dando dinheiro para "obras" que empregam o nome de Deus, esperando recompensa em troca. Ou submetendo à coleções de preceitos de homens, o que relativamente é facil, visto que muitas religiões não cristãs, como algumas formas de Budismo ou o Islam vivem em uma vida mais rígida e limitada, sem isso trazer benefícios diante de Deus. O que Deus queriria com isso?

Como disse o Senhor pelo profeta Isaias:
“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios?
Quando vindes para comparecerdes perante mim,
quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios?
Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação.
As luas novas, os sábados, e a convocação de assembléias ... não posso suportar a iniqüidade e o ajuntamento solene!

As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece;
já me são pesadas; estou cansado de as sofrer.
Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos;
e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei;
porque as vossas mãos estão cheias de sangue.

Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos;
cessai de fazer o mal;
Aprendei a fazer o bem;
buscai a justiça, acabai com a opressão,
fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva. “ (Isaias 1:11,12-14)

Qual a vantagem então de ser então cristão?

Precisa levar vantagem? Já ser herdeiros do reino nessa vida, andar com Deus, ser íntimo do Pai não é o suficiente? Enquanto aqueles que cegos vandeiam sem rumos, os filhos de Deus conhecem o Caminho, que é o sincero e fiel amigo que não deixa só e nunca desampara, nunca falha.

Mas, o que será de mim em minha necessidade?

O Pai sabe mais que você que precisamos de provisões para viver. Confie na Providência, a Graça te basta:
"Ninguém pode servir a dois senhores;
porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro.
Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer,

ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir.
Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros;

e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?

E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos?


Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam;
contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.

Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno,

quanto mais a vós, homens de pouca fé?
Portanto, não vos inquieteis,

dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber?
ou: Com que nos havemos de vestir?
(Pois a todas estas coisas os gentios procuram.)

Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça,

e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã;


porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.
Basta a cada dia o seu mal." Mateus 6:24-34.

Ensina-nos Oh Bom Mestre, a servi-te desinteressado, por amor a Ti, viver e esperar em Ti, pois somos certos de seu amor, tão duramente demonstrado na Cruz. Senhor, para quem iremos nós? Só Tu tens as palavras da vida eterna.

Oh Deus! Se Te adoro por medo do inferno, queime-me nele,
Se Te adoro na esperança de ganhar o paraíso, exclua-me do Paraíso.
Mas se Te adoro por amor a Ti,
Não me ocultes Tua eterna Beleza.

Rabia Basri, séc. VIII.

Thursday, December 20, 2007

Fora da Igreja há salvação...em Cristo

Este ensaio prima por analizar se é coerente ou não uma instituição dentro do cristianismo clamar ser um medium de salvação ou deter exclusividade como Igreja visível de Cristo.

Defino a doutrina de exclusivismo religioso como a necessidade de pertencer à uma denominação específica, que se deixando-a, ameaça seu estado de salvação.

Eu creio que minha denominação é certa em seu propósito e doutrina, mas isso não implica que ela seja “a única” senhora da verdade. Aliás, pensar assim seria uma lógica pobre.

A eleição de um grupo por parte de Deus sempre foi através de pactos, assim foi com os hebreus com Abraão e com todas nações em Cristo Jesus. Se, uma denominação querer exclusividade requereria um novo pacto especial. Consciente dessa necessidade conceptual, alguns tentam estabelecer isso. O catolicismo romano por meios da doutrina da sucessão apóstolica episcopal almeja ligar-se ao sacrifício de Cristo na cruz, mas seu respaldo histórico é fraco, como também são mais ainda grupos batistas landmarquistas e outros que crêem em uma sucessão subterrânea por meio de seitas marginais. Outros como os Mórmons ou Iglesia Ni Kristo proclamam um novo pacto e revelação através da figura de um líder carismático.

Sendo poderável, teve outro pacto estabelecido com a humanidade desde que Jesus Cristo ofereceu o pacto perfeito?

A prentensão de limitar a atuação divina à uma denominação é criar um ídolo tribal. É uma idéia ridícula que perverte à própria mensagem de Jesus Cristo, que rejeitou a tese de salvação por afiliação ou associação. “Não queirais dizer dentro de vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Mat 3:9).

È explicável a atitude prevalente no Brasil, onde um substrato católico romana que pregava que fora da igreja (católica) não há salvação, a pergunta é “qual sua igreja?” ou ainda “qual é a igreja verdadeira?”. Enquanto nos países de língua inglesa a questão é “are you born- again?”.

No Brasil o indivíduo só existe se afiliado à alguma organização: depende de qual é o seu time de futebol, família, padrinho político, onde trabalha, sua posição social, de que partido que é simpatizante, etc...

Infelizmente transplantaram essa mentalidade bairrista para o denominacionalismo tupiniquim. Claro que isso não é uma exclusividade brasileira, mas é tipico em sociedades de fermentação sectárias, como a Inglaterra do século XVIII (era dos puritanos, quakers, ranters, familianistas, levellers, diggers, e outros grupos com nomes engraçados).

Se uma igreja (nota bene o “i” minisculo) não morreu por alguém, como pode expiar pecados?

Se uma igreja não estabeleceu um pacto com Deus, salvo o pacto universal da Graça, pode ela clamar exclusividade?

Não é melhor fazer o objeto de nossa fé em Cristo?